23 março, 2012

O Medo da Sementinha , Rubem Alves

Hoje recebi um email das Lojas Americanas de ofertas só de livros e daí fui pesquisar somente títulos de Rubem Alves.
Na verdade nunca li nenhum livro dele ainda .
Mas tem um texto o qual eu amo de paixão a muito tempo que é de sua autoria e depois desse texto
http://lilliverdi.blogspot.com.br/2011/02/o-poema-mais-lindo-que-ja-li.html

 li muitos outros e me declaro por muito pouco totalmente apaixonada por Rubem Alves.
Nessa minha pesquisa gostei do título " O medo da Sementinha" e fui buscar um resumo no qual me deparei com esse outro texto apaixonante:


Vou contar a história de uma sementinha.




 A sua mãe era uma palmeira enorme, forte, de galhos compridos que entravam pelo céu. Um dia, quando estava ferrada no sono, uma coisa estranha aconteceu.Créec! Um barulho, coisa que ela nunca ouvira antes. De repente ela viu uma coisa que nunca havia visto antes. O seu mundinho fechado e escuro, a barriga da sua mãe, abriu-se. Começou a entrar uma luz. Chegara a hora de nascer. Ela ouviu uma voz suave e amiga:- Sementinha! Sementinha! Não precisas ter medo. Sou eu, a tua mãe... Ela olhou para fora e viu aquela árvore enorme sorrindo para ela.


- Nada de ruim vai acontecer, sementinha. O mundo aqui fora é mais gostoso que o mundo aí dentro. Olha, vou apresentar-te aos teus amigos.

A mamãe árvore balançou as suas folhas, chamando, e veio o vento, e passaram as nuvens, e o sol brilhou... Chegaram então os passarinho, as borboletas, as abelhas bem como joaninhas e cigarras… Por último, a mãe de todos, a terra, que nos dá vida...

E a sementinha olhou para aquela terra maravilhosa, que se perdia de vista, nas montanhas do horizonte, cobertas de coisas verdes e coloridas, vivas e alegres, boas para comer, boas para cheirar, boa para ver... A sementinha sorriu. Estava feliz. A sementinha tinha uma amiga, alguém que gostava dela. Assim ela viveu alegre e tranquila, por vários dias. Até que a sua mãe lhe contou da grande viagem.

- Sementinha, dentro de pouco tempo o vento vai soprar mais forte. Quando isto acontecer, vais partir para longe, numa longa viagem, flutuando, como se fosses um floquinho de algodão.

A sementinha estremeceu, teve medo, muito medo. A sementinha chorou. Partir é sempre muito triste. A velha árvore chorou também. Ela gostava muito da sua filha. Mas continuou:

- É preciso partir, para continuar a viver. Sementinha que não parte acaba morrendo... A sementinha arregalou os olhos.

- Mamãe, por favor, explica-me...

A mãe continuou...

- É preciso partir, para se transformar em mãe. É preciso que a sementinha deixe o colo de sua mãe, para se transformar em árvore...

- Transformar em árvore? Mas eu sou só uma sementinha, muito pequena. As árvores têm de ser grandes...- Dentro de cada sementinha está uma árvore adormecida. Da mesma forma como dentro de cada menininha está uma mãe. O vento vai levar-te para longe... De repente ele vai parar. Por um momento tu vais flutuar no ar, parada. Depois começarás a cair bem devagarinho. Cairás na terra. Ali, na terra, vais deixar de ser semente e vais te transformar em árvore.

A sementinha teve medo. Ela não entendeu aquilo que a sua mãe lhe dissera: “Vais deixar de ser semente.” Será que ela iria sumir, desaparecer? Isto é coisa de dar arrepios. Ela achava-se tão bonitinha, redondinha, lisa, ah! Seria bom continuar a ser semente, sempre. Mas a sua mãe adivinhou o que se passava na sua cabecinha.

- Sementinha que continua sendo sementinha, para sempre, termina seca, esturricada. Por fim, morre. Acaba como aqueles caroços de azeitona enlatada. A gente pode plantar mas não nasce nada. A sementinha vai sumindo e dela surge uma árvore…O vento soprou forte. A sementinha foi arrancada do colo da sua mãe. Teve de dizer adeus e foi voando, voando, cada vez mais longe... Passou por insectos, pássaros, folhas, alto, bem alto... Até que o vento parou. E ela foi descendo, até ao chão. O chão era húmido. A terra era fofa e amiga. E ela, mãe-terra, começou a cantar uma canção de embalar.

- Dorme, dorme, sementinha...

A terra quente a abraçou. Caiu a chuva. Lá dentro da terra, sem que ela percebesse como uma coisa nova começou a aparecer e a mexer. Coisas novas, diferentes: um brotinho verde. O brotinho foi crescendo, e quanto mais crescia, mais a sementinha diminuía. A sementinha preta e redonda estava sumindo para que ela nascesse uma árvore verde e grande. O brotinho mexia-se dentro da barriga da mãe-terra, para sair... Até que apareceu, bem pequeno, do lado de fora. E foi então que a sementinha acordou, só que ela não era mais uma sementinha do seu longo sono. Era uma árvore-bebé. Toda diferente, verde, com folhas bem pequenas. Mas ela já se parecia com a sua mãe. E lembrou-se do que ela lhe tinha dito: “Dentro de cada sementinha está uma árvore adormecida.”





Foi preciso que a sementinha sumisse para que a árvore que morava dentro dela nascesse. E ela se sentiu muito feliz. Ia crescer, seria mãe também. Olhou para baixo, viu a terra. Olhou para cima, viu as nuvens, o sol. Sentiu que o vento brincava com as suas folhas, e deu uma gostosa risada..."



História resumida de Rubem Alves

O livro já está pra chegar.
Vou adorar contar essa história pra minha sobrinha ,já que virei uma boa contadora de histórias.
Também não sei se sou muito manteiga derretida mesmo ,mas adorei ouvir sobre a sementinha me emociona muito.

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